
Esperança
Mário Quintana
Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...
A esperança é a última que morre?
Pode ser que sim... Mas só tem esperança aqueles cuja alma é vasta de sentimentos que se cruzam por uma via alternativa... Não há esperança se não houver amor, não há esperança sem desejo de viver, não há esperança sem o querer acreditar, o querer mudar, o querer recomeçar...
Esperança... Não se vá, quero te manter viva em mim, pois é você que me mantém viva, afinal você é a última que morre....
Nenhum comentário:
Postar um comentário